Você pode ter sido mordida pelo bichinho do desejo de fazer mestrado (ou doutorado), mas ainda acha que é algo distante e difícil de concretizar. Uma das primeiras barreiras é a escolha do orientador, pois muitas vezes não fazemos a menor ideia de quem está estudando o tema que nos interessa. Depois disso, precisamos que ele nos aceite como sua estudante. Não saber como percorrer esse caminho pode nos paralisar.

Muitas vezes a gente subestima o papel do orientador dizendo “tanto faz, desde que eu esteja cursando meu mestrado/doutorado”, mas eu afirmo que um orientador ruim pode destruir sua saúde mental. Conheço pessoas que desistiram da pesquisa dos seus sonhos, pois o orientador foi abusivo. Isso sem falar nas pessoas que conseguem finalizar o estudo, porém em frangalhos, demorando anos para se reorganizarem emocionalmente. Tenho dezenas de exemplos tristes que poderia compartilhar com vocês (quem sabe no futuro?).

Saber quem será seu orientador e conhecer um pouco dele pode te salvar de muitas encrencas. Além disso, sabia que quando você indica quem será seu orientador no processo seletivo, você tem mais chances de ser aprovada?

Eu reuni 07 dicas (+ dica bônus) que podem te dar uma luz sobre como encontrar seu orientador.

1.Escolha o Programa de Pós-Graduação (PPG) que você pretende cursar

Em muitos casos, os Programas de Pós-Graduação são interdisciplinares, ou seja, aceitam profissionais de outras categorias.

Por exemplo, na UFBA, o PPG de Enfermagem aceita profissionais da área de saúde; já em Psicologia, aceita de qualquer área de conhecimento.

Dê uma olhada em todos os PPG que existem na Universidade que você quer cursar e depois leia o edital dos que te interessaram. É no edital que você vai conseguir saber quais áreas de formação aquele PPG aceita.

Fique ligada também nos PPG que nasceram já no formato interdisciplinar. Na UFBA, existem alguns.

2.Leia a lista de todos os professores associados ao Programa de Pós-Graduação

Agora que você decidiu um (ou alguns) PPG de interesse, procure no site dos mesmos a lista de professores associados.

3.Leia o Currículo lattes

Procure o nome de cada professor na Plataforma Lattes, que é um site que os pesquisadores brasileiros precisam ter cadastro.

Leia atentamente o currículo de cada um deles: resumo, formação, projetos de pesquisa recentes ou antigos, artigos e capítulos publicados, apresentações em Congressos, títulos das dissertações e teses que orientou, bancas que participou.

Em algum desses tópicos tem algo que te interessa ou chama atenção?

Pronto, salva o nome dele.

4.Converse com os atuais orientandos

No currículo Lattes tem as orientações em andamento.

Veja o nome dos orientandos e procure-os na Plataforma Lattes. Na Plataforma terá e-mail para contato. Mande e-mail. Se apresente, diga que gostou do currículo do professor e que pensou em tentar ser orientando dele. Informe o tema do trabalho que você quer realizar. Pergunte o que o estudante acha, como ele avalia a possibilidade de o orientador aceitar aquele tema. Tente extrair o máximo de informações possíveis. Só cuidado para não ser inconveniente (aquele pode ser seu colega no futuro).

5.Converse com ex-orientandos

Faça o mesmo procedimento com ex-orientandos, ou seja, pessoas que já finalizaram seus trabalhos.

Neste caso, pergunte também como eles consideram o professor como orientador, se eles gostaram, se foi tranquilo. Normalmente pessoas que já finalizaram suas pesquisas são mais propensas a se soltarem neste sentido, pois não precisam mais do orientador para conseguirem o diploma.

Obs: Faça o contato com mais de um orientando e ex-orientando. Quanto mais informação você colher, melhor. Depois de ouvir tudo, faça um balanço.

6.Verifique se ele tem grupo de pesquisa com reuniões periódicas (semanais ou quinzenais, preferencialmente)

Muita gente negligencia isso aqui, mas eu diria que é essencial para avaliar a qualidade de um orientador.

Eu te digo: se o seu pretendente a orientador não tem um grupo de pesquisa ativo com reuniões periódicas, fuja léguas! Risca o nome dele da agenda e parta pra outra sem medo de ser feliz!

Um professor que se reúne com seu grupo de estudantes com frequência é muito mais aberto a dialogar, a escutar, a trocar com as pessoas. Esse professor se preocupa com a vida acadêmica e sabe que ciência se faz coletivamente.

Com reuniões periódicas você terá contato com seu orientador com frequência o que facilitará muito a comunicação de vocês. Além disso, o processo de pesquisar será muito mais agradável, pois terão outros colegas partilhando da mesma experiência. Participar de um grupo de pesquisa saudável é uma das melhores coisas de fazer mestrado/doutorado.

7.Entre em contato com ele

Se até aqui foi tudo bem, os feedbacks foram positivos em geral, tente o contato com o seu pretendente a orientador.

Provavelmente algum dos ex ou atuais orientandos poderão passar o contato do professor para você. Mande uma mensagem (WhatsApp ou e-mail). No próximo card veja o padrão da mensagem/do e-mail.

Se o professor não responder em 05 dias, envie novamente (exatamente a mesma mensagem).

Se ele não responder pela segunda vez, dê três passos para trás.

Bons orientadores se preocupam com a comunicação, mesmo que seja para dar uma negativa ao estudante. A comunicação é a principal ferramenta entra o estudante e o orientador. Não havendo uma comunicação fluida, o processo pode ser muito MUITO complicado.

Padrão de e-mail para enviar ao pretendente a orientador:

Olá Professor Dr. Fulano Beltrano, como vai?

Meu nome é Jéssica Plácido, sou psicóloga. Estou mandando este e-mail/esta mensagem, pois vi o que o sr. orienta estudantes de mestrado/doutorado no Programa de Pós-Graduação de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Li o seu currículo Lattes e observei que o sr. pesquisa uma temática igual/similar à que eu gostaria de pesquisar. Atualmente tenho interesse em iniciar o mestrado/doutorado estudando o tema XXXX.

Eu gostaria de saber se há vagas para ser sua orientanda no próximo processo seletivo e, se for o caso, quais procedimentos preciso realizar. Além disso, há algum grupo de pesquisa com reuniões periódicas que eu possa participar? Tenho muito interesse.

Agradeço sua atenção e aguardo retorno.

Abraços,

Jéssica.

Obs: Sim, formalidades são importantes.

Obs2: Mude as palavras em negrito para se adequar a sua realidade.

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