Treinando uma escrita mais livre sobre psicoterapia, estilo de vida, estudos em espiritualidade e saúde e outros devaneios que vierem a mente.

O cansaço de dizer o que já foi dito
Escrevo uma mensagem “Oi, estou te convidando para o meu aniversário, será dia 04/09, na cafeteria botânica, às 16h. Espero você!”. E recebo as respostas “Eba, estarei lá. Que horas?”, “aonde será, amiga?”.
WHAT?
A situação é fictícia. Parece piada. Mas é real pra você?
De qual lado dessa história você está?
Eu respondo com muita tranquilidade: nos dois.
Relação Mente-Cérebro
REDES COMPLEXAS E A PROPRIEDADE EMERGENTE
Além das redes sociais que conhecemos, os conceitos de rede podem ser diversos. Neste momento, interessa-nos compreender melhor as redes complexas. Essas redes aparecem de várias formas no mundo, por exemplo, no formigueiro, no corpo humano e nos fenômenos geológicos e, também, na internet e redes de transporte.
Barabasi (BARABÁSI; OLTVAI, 2004; STROGATZ, 2001) em seu clássico trabalho chegou à conclusão de que todas as redes complexas apresentam algumas características específicas: nós e arestas, sendo que alguns nós são concentradores, chamados de hubs; efeito mundo pequeno e uma dinâmica não-linear; evoluem ao longo do tempo e apresentam características de um fenômeno criticamente auto-organizado.
Do que as adolescentes precisam
Ao contrário do que muitos pensam, ser adolescente não é fácil. É uma fase que se configura pela transformação. Se você é adulto pode ter se esquecido o quão desconfortável pode ser ter todas as dimensões da sua vida em transformação a cada ano (ou mês, ou semana). Pense em seu corpo mudando drasticamente de um ano para o outro. Pense em ressignificar sua visão em relação às pessoas mais importantes da sua vida: antes heróis, hoje humanos comuns. Pense em seu lugar socialmente ser deslocado de forma abrupta, há alguns meses você era uma criança e agora precisa ser responsável pelos irmãos mais novos.
As adolescentes têm necessidades, sim. E muitas!
“Do que as adolescentes precisam” foi uma lista criada por mim a partir da minha experiência em atender como psicóloga adolescentes em contexto […]
Pode um psicólogo ser religioso?
Pode.
Engraçado é que essa pergunta não existe para médicos, advogados, engenheiros, enfermeiros.
Engraçado que essa pergunta não existe em outros contextos, como: “pode um psicólogo brasileiro atender um argentino?” “pode um psicólogo gay atender uma pessoa heterossexual?”.
Religião é algo que a pessoa exerce na vida privada, normalmente tem a ver com a forma com a qual a pessoa interpreta muitas das situações da sua vida, orienta hábitos e práticas cotidianas da pessoa. Nós psicólogos temos diversas dimensões que nos atravessam, como raça, orientação sexual, nacionalidade, gênero, estado civil, adoecimentos, ideologia política, etc. A religião é mais um atravessamento que certamente, junto com os outros, constitui a nossa identidade.
As coisas mais difíceis no trabalho como psicóloga
Pode parecer que a coisa mais difícil no trabalho como psicóloga é escutar histórias tristes, casos de violência, ideações suicidas, amores que se foram, arrependimentos profundos. Sim, de fato, isso é difícil e requer treinamento para saber escutar, acolher, fazer refletir e causar transformações. É pesado ouvir certas histórias. Vira e mexe eu percebo que uma coisa tocou em um ponto doloroso para mim e isso chega a me afetar. Apesar de achar muito delicado, os anos passam e vai ficando relativamente mais fácil escutar, me mobilizar, mas não imergir nas dores alheias.

Eu não sou uma jovem mística
Por que eu não me considero uma jovem mística?
Vem comigo.
Um dia desses vi uma postagem absurda no Instagram. Uma seguidora perguntava para uma mulher bem jovem mística: “sempre tenho cândida após a menstruação, porquê?” Aí a moça “jovem mística” responde “candidíase está relacionada a bloqueios e frustrações na sexualidade.” E recomenda: “Limpeza emocional e energética do ventre.”


“A vida é irada, mano. Vamo curtir!” Será?
“A vida é irada, mano. Vamo curtir” pode até ser um lema para alguns, mas não podemos ser ingênuos em crer que essa é a realidade rotineira para maioria de nós.
A vida é entediante a maior parte do tempo: a gente acorda no mesmo horário, come as mesmas comidas, faz mais ou menos as mesmas coisas, convive com as mesmas pessoas, pega trânsito, a internet fica lenta ou o computador resolve atualizar o software bem quando você está com pressa; e quando piscar, já é páscoa, dia das mães e natal de novo.
A existência e sua efemeridade
No dia que eu estava indo embora de Madri chorei do Hostel até o avião, passando por choro no Uber e no aeroporto. Desaguei de uma forma que não fazia há anos. Tive 18h de vôos até Hong Kong para entender que a tristeza que eu sentia tinha a ver com a certeza de que a aquela experiência nunca mais se repetiria. Estar ali, naquele dia quente de inverno, andando de bicicleta com aquelas pessoas de lugares variados do mundo, foi uma vivência única e irrepetível. Essa conjuntura nunca mais acontecerá, eu tenho convicção. Lá em HK compartilhei com minha irmã sobre minhas emoções e ela disse que a beleza da vida está em, justamente, reconhecer a sua efemeridade. A existência é efêmera, tudo passa. Qualquer apego causará sofrimento, dizem os budistas. E o que é maravilhoso é poder aproveitar cada oportunidade com a intensidade que ela merece, fazendo registros de memória, como propõe Brené Brown.
Hoje completam 10 dias em que entrei numa imersão do Congresso da Juventude (viva o recesso da Bahiana! \o/). No último dia do evento, domingo, sentada depois do almoço, os ônibus indo embora, senti tristeza e alegria. Saudades. E essa emoção me remeteu a despedida de Madri: a certeza da impermanência. Foram dias felizes, de muito trabalho (sim), troca, sorrisos, reencontros e novos encontros. Mas dias que passam, como quaisquer outros.
Fecho a porta de casa e entro em processo de desaceleração… Voltar para a rotina, o trabalho, minhas pessoas, me faz feliz. Aqui não há contradição. Mas tudo isso, por ter características existenciais, também passa. Para viver plenamente preciso acolher essa vulnerabilidade. E nessa vulnerabilidade tecer minhas histórias. Aceitar.
Ao passo que vão embora, essas experiências me transformam, me dão fôlego, ânimo, parece até que aumentam minha capacidade cardíaca. Ganho perspectiva, avalio minhas escolhas, meus projetos pessoais. Entretanto, reconheço que pouco (ou nada) controlo os rumos que minha vida terá, mas entrego e confio que viverei o que for necessário para o meu crescimento espiritual. Sigo planejando, é claro, como boa virginiana, mas sem perder de vista a efemeridade dessa própria existência.

