Escrevo uma mensagem “Oi, estou te convidando para o meu aniversário, será dia 04/09, na cafeteria botânica, às 16h. Espero você!”. E recebo as respostas “Eba, estarei lá. Que horas?”, “aonde será, amiga?”.
WHAT?
A situação é fictícia. Parece piada. Mas é real pra você?
De qual lado dessa história você está?
Eu respondo com muita tranquilidade: nos dois.

Constantemente me estresso quando recebo perguntas sobre coisas que eu já falei, muitas vezes são de coisas que acabei de falar e a pessoa que supostamente ouvia estava olhando pra mim. É engraçado? Não é. É chato, me sinto invalidada, não valorizada.
Já vivi situações em que a pessoa me fazia uma pergunta de algo que era importante para mim e aí na mesma hora pegava o celular para ver sei lá o quê.
Não, gente, não dá pra ouvir uma pessoa, digo, escutar, enquanto está vendo como fazer uma batata frita na air fryer. Sim, estamos trocando momentos com pessoas importantes por conteúdos de baixo valor real e simbólico na nossa vida.

Mas também não raro esqueço informações que sei que a pessoa já disse, divago nos meus pensamentos enquanto converso com alguém, checo o WhatsApp no meio da reunião, entre tantas outras coisas que me fazem estar no time de quem pergunta o óbvio, o que já está explícito, o que já foi dito. Não me orgulho nem um pouco disso, pelo contrário, luto contra esse mau hábito diariamente.

Não dar atenção às pessoas é um mau hábito. É mau hábito porque nos habituamos a viver em relações em que as pessoas não escutam, somente esperam pacientemente (ou não) você terminar de falar para elas falarem de si. É mau hábito porque aprendemos que a presença física é suficiente. Só que presença física sem presença de alma é uma caixa vazia.

Cansa demais dar atenção e não ter reciprocidade. Atenção é um recurso finito e é o que de mais precioso podemos ofertar. Se pergunte, aonde sua atenção está ao longo do dia? Aonde você coloca seu tesouro? Aonde vale a pena depositar seu foco, seu ouvido, seu olhar?
Então, minha recomendação (se é que possa dar uma) é: leia as mensagens com calma, deixa o áudio na velocidade 1x, ouça sua mãe, olhe nos olhos da pessoa querida.

Dê atenção e evite a fadiga.